Pais e alunos da escola estadual Georg Keller, em Joinville, querem a expulsão de um professor após ele fazer comentários agressivos sobre a morte das crianças em ataque a creche de Blumenau. Em um vídeo gravado por estudantes, é possível ouvi-lo dizer que “mataria uns 15, 20. Entrar com dois facões, um em cada mão e ‘pá’. Passar correndo e acertando”. A Secretaria de Estado de Educação informou, em nota, que “está tomando todas as medidas cabíveis” e fará a “verificação dos fatos para dar andamento ao processo”.
A reportagem do AN conversou com dois alunos e a mãe de um estudante da escola. Todos confirmam a história e se revoltam com o caso. Uma garota, aluna do primeiro ano do ensino médio, conta que a turma ficou sabendo do ataque em Blumenau e passou a conversar sobre a tragédia, em seguida, o professor teria entrado no debate e dito que “mataria mais do que quatro pessoas, pois a população está muito grande”.
Além deste episódio, os alunos afirmam que o professor faz, frequentemente, comentários preconceituosos e de ódio, incluindo casos de racismo, homofobia, misoginia e apologia ao suicídio. Em um dos casos, a garota conta que uma das estudantes disse estar triste durante a aula, e o professor teria sugerido que a menina se suicidasse para “poupar oxigênio no mundo”.
— Ele diz que mulher não deve ter os mesmos direitos dos homens. Ele xinga nas aulas. Ninguém gosta das aulas dele, todos ficam desanimados. O que ele ensina é errado — ressalta.
Outro estudante da escola reforça o caso do incentivo ao suicídio de alunos e, diz ainda, que o professor ri após fazer comentários violentos. Além de usar termos como “bixinha” para as pessoas na sala de aula.
— Quando ele falava de aparência ou fazia piadas sem graça, normalmente é ignorado. Mas, na sala, por conta de ficarmos nervoso com o que ele falava, alguns riem, mas não por maldade — conta.
O aluno expõe, ainda, outros casos de preconceito por parte do professor em sala de aula.
— Ele já praticou xenofobia com alunos venezuelanos. Além de intolerância religiosa com alunos, xinga as crenças deles — desabafa.
“Me assusta esse tipo de comportamento”, diz mãe de aluna
Também em contato com a reportagem, a mãe de uma estudante reforça que o comportamento do professor é frequente, incluindo incitação à violência e o uso frequente de xingamentos.
Ela explica que os pais e responsáveis já estão em pânico após o ataque em Blumenau, e a situação se agrava ao saber das atitudes do professor, sendo que ele pode motivar a violência na escola.
— Me assusta esse tipo de comportamento vir de um professor em sala de aula. Uma fala como esta é repudiante, um professor que deveria ser exemplo dentro da sala. Imagina se algum dos alunos já têm um pensamento de fazer atrocidades, a fala do professor só reforça a ideia do ódio — expressa.
Outra mãe de uma aluna expõe que os casos acontecem há anos, incluindo piada com a religião de sua família e outros tipos de violência praticados pelo professor, como chamar uma aluna grávida de “inútil”, fazer um estudante comer uma bolinha de papel e uma briga, incluindo agressão física, com outro aluno fora da escola.
Mãe e alunos pedem atitude da escola
Todas as fontes ouvidas pelo AN contam que os alunos e pais já foram à direção pedir o afastamento ou expulsão do professor, porém, recebem uma resposta padrão, inclusive em grupos de aplicativos, mas de pouca eficiência.
— Os alunos vão à diretoria pedir pra ele sair, os pais também, caso nada seja feito com ele um grande número de alunos sairá da sala nas aulas dele — conta um dos estudantes.
Já a mãe expõe que recebeu uma resposta “padrão” da diretoria: “Entendo sua indignação e estamos solidários. Esse tipo de comportamento deve ser combatido. Estamos tratando disso junto ao órgão competente”.
Confira a íntegra da nota da secretaria
“A Secretaria de Estado da Educação (SED), por meio da coordenadoria regional de Joinville, informa que está ciente da situação envolvendo um professor na EEB Dr. Georgi Keller e está tomando todas as medidas cabíveis.
Neste primeiro momento, será realizada a escuta junto a direção da escola para verificação dos fatos para dar andamento ao processo.
A SED salienta que, visando o fortalecimento socioemocional, o currículo catarinense trabalha com competências e habilidades que ampliam o respeito e a empatia na sociedade. As coordenadorias regionais também contam com profissionais como psicólogos e assistentes sociais, que compõem o Núcleo de Prevenção às Violências Escolares (NEPRE), para dar suporte às escolas e estudantes.”
Fonte: NSC