Com as temperaturas mais baixas, os ambientes ficam mais fechados e úmidos, formando o cenário perfeito para infecções causadas por vírus respiratórios ou por alergias. Por isso, no outono e no inverno, há uma tendência forte de aumento na circulação desse tipo de vírus.
Uma infecção respiratória geralmente vem acompanhada de sintomas bem chatinhos, que incomodam no dia a dia, mesmo na forma mais leve. Mas não há uma solução mágica que faça os sintomas desparecerem de uma hora para outra. O que existe são remédios que, se usados de forma correta e com orientação médica, podem ajudar a aliviar o desconforto.
Na busca por uma cura ou uma solução rápida, a primeira reação das pessoas é correr para as farmácias que, nessa época do ano, colocam de forma bem exposta dezenas de remédios antigripais, todos com nomes muito parecidos, que prometem combater resfriados e gripes.
Só que não é bem assim.
Apenas medicamentos da classe dos antivirais são eficientes para matar vírus como a influenza, causadora da gripe, e o Sars-Cov-2, causador da Covid-19.
Confira abaixo as diferenças entre resfriado, gripe e alergia – e o que fazer em caso de uma infecção.
Resfriado
O resfriado pode ser causado por mais de 100 tipos de vírus respiratórios diferentes, como o rinovírus e o metapneumovírus. Um conjunto de sintomas leves é a principal marca de um resfriado: ele te deixa meio para baixo, mas não chega a te derrubar.
➡️ Sintomas: febre baixa, tosse, dor de garganta, espirro, coriza, dor de cabeça leve e fadiga moderada.
Os sintomas começam a se manifestar de uma forma mais branda e aos poucos. Por exemplo: pode começar com uma dor de garganta e evoluir, no dia seguinte, para coriza e febre baixa.
➡️ Tratamento: é sintomático, ou seja, os remédios indicados pelo médico vão tratar o sintoma que mais incomoda o paciente naquele momento.
Analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e dipirona, são eficientes para febre e dor no corpo, assim como o soro fisiológico pode ser indicado para lavagem nasal, caso o nariz esteja entupido.
O resfriado pode durar de 3 a 14 dias. E fique atento: remédios que prometem combater o resfriado não existem, apesar de serem facilmente encontrados em farmácias com essa finalidade.
“Nenhuma dessas medicações têm ação direta contra o vírus. Elas combatem os sintomas. E devem ser guiados a depender do que mais incomoda o paciente”, disse Alexandre Naime Barbosa. “Dizer que combate o resfriado não é uma verdade científica”, afirmou o médico.
Síndrome gripal
A síndrome gripal é como se fosse um resfriado muito forte. Os sintomas são bem mais intensos e chegam de uma vez só. Na classe dos vírus, os mais comuns são o Influenza e o Sars-Cov-2. Com isso, o paciente pode ser diagnosticado com gripe ou com Covid-19, respectivamente.
➡️ Sintomas: febre alta e repentina, dor de garganta e de cabeça, tosse, coriza, calafrios e/ou alterações no olfato e no paladar.
😷 Nesse cenário, pacientes mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com imunidade baixa ou comprometida, devem procurar um médico de forma imediata.
“É importante fazer o diagnóstico, saber qual vírus está causando a síndrome gripal, porque a síndrome gripal pode levar a quadros graves”, disse o infectologista Alexandre Naime Barbosa.
Sem orientação médica, a síndrome gripal pode evoluir para uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com necessidade de internação e até uso de oxigênio.
➡️ Tratamento: além do tratamento do sintomas, existem remédios específicos que combatem vírus causadores de síndromes gripais. A classe de medicamentos dos antivirais interrompem o processo de infecção causado por um vírus e devem ser usados sob recomendação médica.
↪️ Para a gripe, existe o oseltamivir (no comércio, vendido como Tamiflu). É um medicamento que reduz a multiplicação da influenza A e B.
↪️ Para a Covid-19, há os antivirais como o nirmatrelvir e ritonavir (remédio conhecido como Paxlovid), o molnupiravir e o remdesivir, que tratam os pacientes nos primeiros sintomas.
Lembrando que há vacina contra a gripe e da Covid-19: ela é uma ótima ferramenta para evitar formas graves das doenças, principalmente no público mais vulnerável.
Rinite alérgica
Diferentemente do resfriado e da síndrome gripal, a rinite alérgica não é causada por um vírus. Porém, possui sintomas parecidos e também é mais comum nas estações mais frias do ano.
“A reação alérgica geralmente é causada por substâncias presentes no ar, como pólen. No outono e no inverno, o ar também fica mais seco. Isso deixa as mucosas do nariz mais propensas a processos alérgicos”, disse o infectologista.
Outro gatilho para uma alergia pode estar dentro da nossa própria casa, como mofos (fungos) e ácaros, presentes em cobertores guardados por muito tempo e que não foram lavados adequadamente antes do uso.
➡️ Sintomas: congestão nasal, espirro e tosse. Não há febre. Dor de cabeça é menos provável.
➡️ Tratamento: antialérgicos ajudam a aliviar os sintomas.
“Para um leigo, é impossível saber se ele está tendo uma rinite alérgica, um resfriado comum e uma gripe. A conclusão óbvia é de que precisa uma recomendação médica, principalmente em pessoas vulneráveis. A automedicação deve ser desencorajada, porque você não sabe realmente o que está acontecendo, qual é o diagnóstico”, disse Alexandre Naime Barbosa.
Informações: G1