Satoshi Yamake, 59 anos, regressava à capital onde trabalha no setor de telecomunicações após visitar familiares na sua cidade natal.

Sua mente voltou-se para o reencontro com sua esposa Mika enquanto as rodas do avião derrapavam na pista, antes de ele ser sacudido por um barulho e um estrondo e então se virasse para ver o motor pegando fogo do lado de fora de sua janela.

Yamake era um dos 367 passageiros do avião da Japan Airlines que se chocou nesta terça-feira (2) com uma aeronave da Guarda Costeira que estava parada na pista ao pousar no aeroporto internacional de Haneda, no Japão.

A colisão gerou uma explosão instantânea em ambos os aviões. Na aeronave da Guarda Costeira, cinco dos seis tripulantes morreram – apenas o piloto conseguiu escapar e foi internada em estado grave.

Logo após a explosão – gravada por passageiros de dentro do avião – a cabine da aeronave começou a se encher rapidamente de fumaça enquanto alguns passageiros ansiosos corriam para cima e para baixo nos corredores e outros se agarravam a crianças gritando.

“Por favor, tire-me daqui”, gritou uma mulher em um vídeo compartilhado com a Reuters de dentro do avião. “Por que você simplesmente não abre (as portas)?”, gritou uma criança.

“Eu realmente pensei que fosse morrer”, disse Tsubasa Sawada, 28 anos, morador de Tóquio, que voltava de férias em Sapporo com sua namorada.

“Eu estava rindo um pouco no início quando vi algumas faíscas saindo (do motor), mas quando o incêndio começou, percebi que era mais do que apenas algo.”

Sawada disse que cerca de 10 minutos depois de desembarcarem, houve uma explosão no avião.

“Só posso dizer que foi um milagre, poderíamos ter morrido se demorasse um pouco mais”, disse ele.

Retirada de passageiros

Os comissários de bordo pediram às pessoas que permanecessem calmas, dizendo “por favor, cooperem”, de acordo com o vídeo compartilhado com a Reuters.

“A tripulação de cabine deve ter feito um excelente trabalho. Não parece haver nenhuma bagagem de mão. Foi um milagre que todos os passageiros tenham desembarcado”, disse Paul Hayes, diretor de segurança aérea da consultoria de aviação Ascend, com sede no Reino Unido.

Um funcionário do Ministério dos Transportes japonês disse em entrevista coletiva que os procedimentos de evacuação da companhia aérea foram “conduzidos de forma adequada”.

Do lado de fora, 115 unidades de combate a incêndio foram enviadas ao local para combater um incêndio que começou na parte traseira do avião e acabou envolvendo toda a aeronave em uma bola de chamas.

Satoshi Yamake, que estava sentado perto da frente, disse que, apesar de alguns passageiros estarem muito ansiosos, a tripulação rapidamente acionou as rampas de evacuação, e as pessoas começaram a desembarcar de forma ordenada.

A companhia aérea disse que a evacuação começou quase imediatamente após a paralisação do avião e que todos os passageiros foram levados para um local seguro em menos de 20 minutos.

A colisão ocorre apenas um dia depois de um terremoto de 7,6 atingir a costa oeste do Japão, matando 48 pessoas e gerando alertas de “grandes tsunamis”. O episódio reacendeu no país o trauma pela tragédia do acidente nuclear de Fukushima em 2011, causado após um terremoto e tsunami atingirem o país.

Segundo a Guarda Costeira, sua aeronave que colidiu com a da Japan Airlines estava na pista para decolar em direção à base militar de Niigata, na costa oeste do país, para levar ajuda às cidades atingidas pelo terremoto.

O tremor gerou cerca de 50 réplicas ao longo da região de Ishikawa, no oeste do Japão, e alertas por tsunamis com ondas de até 5 metros. Os alertas duraram quase 24 horas e foram retirados na manhã desta terça, mas equipes ainda fazem buscas nas cidades atingidas.

Já a aeronave da Japan Airlines era um voo comercial que chegava de Hokkaido, no norte, segundo a companhia.

Causas

Autoridades ainda não haviam informado, até a última atualização desta notícia, por que os dois aviões estivessem na mesma pista ao mesmo tempo.

A Japan Airlines alegou que o piloto seguiu as instruções da torre de comando para o pouso.

A companhia disse também que o sistema de comunicação com os passageiros não funcionou após a explosão, mas afirmou que a retirada dos passageiros conseguiu ser realizada mesmo assim.

O gabinete do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que o premiê estava reunindo informações sobre o que falhou para provocar o choque entre as aeronaves.

O aeroporto de Haneda, um dos dois aeroportos internacionais de Tóquio e um dos mais movimentados do Japão, informou que todos os pousos e decolagem foram cancelados após a colisão.

Fonte: G1SC

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