Santa Catarina chega à última semana de novembro ainda com tempo instável e já aguarda um mês de dezembro mais uma vez com chuva acima da média. A previsão é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que calcula uma precipitação acumulada no Estado em 180 milímetros no último mês do ano.
A autoridade meteorológica brasileira também estima que a região Sul siga com níveis de água no solo elevados, o que, ao menos para parte dos agricultores, pode beneficiar as fases iniciais dos cultivos de primeira safra. Em contrapartida, em algumas áreas, o excedente hídrico e encharcamento causados pelo excesso de chuvas deve atrasar a colheita dos cultivos de inverno e também as novas semeaduras.
Tempo instável e prejuízo bilionário
O dezembro chuvoso se segue a dois meses com tempo instável e níveis históricos de precipitação e estragos em Santa Catarina. Em estimativa mais recente, a gestão Jorginho Mello (PL) comunicou que só o setor agrícola catarinense teve perdas de R$ 4 bilhões pelas chuvas desde o começo de outubro.
Ainda no período, o estado atingiu a marca de 180 municípios em situação de emergência ou de calamidade por conta dos estragos associados aos temporais, como enchentes e deslizamentos de terra, além de nove mortes, sendo sete delas em outubro e outras duas em novembro.
No sábado (25), Santa Catarina recebeu a visita do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, à frente da Defesa Civil no país, para tratar de aportes que ajudem as cidades atingidas, tema que tem causado atrito entre Jorginho e o governo Lula (PT).
O ministro cumpriu agendas em Trombudo Central e Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, a região que concentra as maiores barragens do estado e com piores danos pelas chuvas. O primeiro desses municípios já calcula perdas de R$ 40 milhões. O segundo teve seis inundações em dois meses.
A avaliação de especialistas é de que a chuva intensa em Santa Catarina neste último trimestre seja causada pelo El Niño, um fenômeno climático reconhecido pelo aumento anormal da temperatura superficial do oceano Pacífico na altura da linha do Equador, o que altera a evaporação da água e a circulação dos ventos, causando um efeito em cadeia no clima de impactos globais.
Além de provocar chuva intensa no Sul, o fenômeno tem causado tempo seco e ondas de calor em outras partes do país, casos das regiões Norte e Sudeste, respectivamente. Os efeitos ainda são potencializados pelas mudanças climáticas, que tornam mais intensos e recorrentes os eventos extremos.
Fim de novembro chuvoso
A Epagri/Ciram, autoridade meteorológica catarinense, prevê que o fim de novembro seja com pancadas recorrentes de chuva, por influência de um sistema de baixa pressão, que concentra umidade e calor.
Nesta segunda (27), a maior parte de Santa Catrina deve ter precipitação a partir da tarde, com exceção da Grande Florianópolis e Litoral Norte, que terão chuva isolada já entre a madrugada e a manhã.
Na terça (28), o estado deve ter céu encoberto e chuva com raios. Os totais mais elevados irão ocorrer entre o Litoral Sul e a Grande Florianópolis. Nos dois dias seguintes, que fecham o mês, Santa Catarina deve ter sol com aumento de nuvens e pancadas de chuvas a partir do final da tarde.