O Alto Vale do Itajaí vive um momento dramático por causa das chuvas da última semana e também pelo cenário preocupante para os próximos dias. Algumas cidades ainda estão alagadas, passados cinco dias do forte temporal que atingiu a região e provocou enchentes históricas. Mesmo os municípios onde o nível dos rios já voltou para a calha, ainda há pessoas em abrigos. O governo do Estado trabalha para enviar donativos aos atingidos e cerca de 100 soldados do Exército estão baseados em Rio do Sul para auxiliar na entrega.

A Defesa Civil de Santa Catarina divulgou que um novo núcleo de chuva se aproxima da região e pode trazer até 150 milímetros de precipitação para o Alto Vale do Itajaí entre quarta (22) e quinta-feira (23). Ao meio-dia dessa segunda (20), as barragens de Taió e Ituporanga estavam vertendo. O governo do Estado informou que ao longo do dia vai abrir as comportas de Taió.

“Vale destacar que tal medida não causa aumento da vazão que chega aos municípios abaixo do barramento, pois a medida de compensação troca a vazão que sai pelo vertedor da barragem pela vazão de saída da comporta. Ou seja, a mesma vazão que passaria pelo vertedor irá passar pela comporta”, diz nota divulgada pela Defesa Civil de SC.

Casas arrastadas pela água são condenadas pela Defesa Civil

Na manhã dessa segunda-feira (20), Trombudo Central não tinha mais ruas alagadas, mas ainda havia 74 moradores em abrigo. A prefeitura acredita que o número possa aumentar, uma vez que cerca de 40 casas foram condenadas pela Defesa Civil e as famílias não poderão mais retornar. Esses imóveis foram arrastados pela força da água que inundou a cidade na última quinta-feira (16).

Trombudo Central ficou mais de 24 horas sem energia elétrica, o que também comprometeu o abastecimento de água. Quando a energia voltou, no final da sexta-feira (17), tubulações se romperam, comprometendo ainda mais a situação. Nas áreas mais altas, o sistema ainda não foi totalmente restabelecido, segundo a prefeitura.

O bairro Liberdade foi o mais atingido. Moram cerca de 800 pessoas na região. O posto de saúde da comunidade ficou prejudicado e os atendimentos precisaram ser direcionados para a unidade do Centro. Duas creches que ficam no local foram bastante afetadas, com perda de tudo o que havia dentro. O município está com as aulas suspensas e sem previsão de retorno.

A cidade decretou situação de calamidade pública. A prefeitura divulgou a chave Pix sos@trombudocentral.sc.gov.br para quem puder ajudar com doações.

Dois metros de altura da água nos imóveis

Na manhã desta segunda-feira (20), havia ruas com mais de dois metros de altura a água da enchente em Rio do Oeste. O nível do rio na medição das 10h estava em 10 metros, mas nos últimos dias alcançou 11,93 metros. É a maior desde 1983, quando chegou a 12,60 metros.

A cidade ficou sem água e sem luz por 96 horas por causa da inundação. Nesta manhã, 317 pessoas estavam em abrigos.   

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Rio do Oeste, Josnei Moser, há muita preocupação em relação à previsão de chuva de até 150 milímetros no Alto Vale entre quarta (22) e quinta-feira (23). Ele frisa que o cenário se agrava porque as barragens de Taió e Ituporanga estão vertendo.

Das cinco unidades de ensino da cidade, três ainda estavam debaixo da água nesta manhã, segundo Josnei. Uma que não foi alagada está servindo de abrigo. O município suspendeu as aulas. O posto de saúde está funcionando, pois fica em área mais alta.

Moradores não devem voltar para casa

Depois de o nível do rio alcançar os 10,37 metros na última sexta-feira (17), Taió amanheceu nesta segunda (20) com a água em 7,04 metros, conforme medição das 9h. Nesse nível, a cidade não está mais em situação de enchente, mas ainda tem 100 pessoas em abrigo. A prefeitura orienta aos moradores que não voltem para casa por causa da previsão de mais chuva essa semana.

Alguns bairros chegaram a passar 24 horas sem energia elétrica, mas o sistema já foi restabelecido. O abastecimento de água está normal, de acordo com a prefeitura. Duas pessoas morreram na cidade ao tentar atravessar um rua alagada de carro.

Comunidade isoladas por causa de deslizamentos

Apesar de não estar mais em situação de enchente, Ituporanga ainda tem comunidades isoladas por causa das quedas de barreiras nesta segunda-feira (20). Ao menos 60 pessoas estavam em abrigos no amanhecer do dia. Os atendimentos na saúde voltaram ao normal, assim como na Educação. Entretanto, há trechos onde o transporte escolar não passa. Neste caso, as crianças têm aula remota.

O nível do rio em Ituporanga chegou a 4,12 metros na sexta-feira (17). A barragem de contenção de cheia que fica na cidade, que tem capacidade para 110 milhões de metros cúbicos de água, vertia 77 centímetros às 10h desta segunda (20). A medição do rio, no Centro de Ituporanga, estava em 1,60 metro.

A maior enchente da história

Essa foi a maior enchente da história de Pouso Redondo, de acordo com a Defesa Civil da cidade. No sábado (18), o nível do Rio das Pombas chegou a 8,47 metros. As primeiras ruas são alagadas quando a água alcança os 5,5 metros. A prefeitura precisou abrir dois abrigos e teve de mudar um deles de endereço quando o acesso à estrutura começou a ficar comprometido.

Segundo a prefeitura, cerca de 300 casas nos bairros Progresso e Independência foram afetadas. Na manhã desta segunda (20), a cidade não estava mais em situação de enchente. Entretanto, cerca de 30 pessoas seguiam em abrigo.

Como muitos municípios do Alto Vale do Itajaí, Pouso Redondo também enfrentou problemas com energia elétrica, mas o sistema já voltou a operar. O abastecimento de água ainda está comprometido. Por causa da alta demanda, há dificuldade em encher os reservatórios. A prefeitura também acredita que aproximadamente 20 pontes nas áreas mais afastadas do Centro foram destruídas pela força da água.

O trecho da BR-470 que corta Pouso Redondo está completamente interditado. Conforme o DNIT, há deslizamento de terra na altura do Km 188, bloqueando as pistas nos dois sentidos. Quem quer passar em direção à Serra de SC pode utilizar a Estrada Geral do Serril, por Braço do Trombudo. Porém, é uma via sem pavimentação.

A prefeitura está recebendo doações em um espaço da na Rua 7 de Setembro, no Centro, ao lado da Igreja Luterana.

“Cenário de guerra”, diz prefeito

Ao meio-dia dessa segunda-feira (20), o nível do Rio Itajaí do Oeste ainda estava em 11 metros na cidade de Laurentino. Ir de um ponto ao outro, só de embarcação, segundo o prefeito Marcelo Rocha. Ele descreveu a situação como “cenário de guerra”. O nível da água chegou a alcançar 13,39 metros na manhã de sábado (18). Isso é um metro a mais do que a enchente registrada em outubro na cidade.

Estima-se que 1,5 mil pessoas foram afetadas pela inundação. O Centro ficou completamente debaixo da água. Nesta manhã, 215 pessoas ainda estavam em abrigos. A prefeitura não recomenda que as famílias voltem para casa e comércios, por causa da previsão de chuva para essa semana no Alto Vale do Itajaí.

Informações de NSC

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