Foi uma surpresa quando Diego Lima e Camila Monte Blanco viram o filho Jimi falar pela primeira vez aos três anos, 18 dias depois de iniciar o tratamento com óleo de canabidiol, substância retirada da planta Cannabis Sativa, conhecida como maconha. O menino foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista não verbal com um ano e sete meses. A busca por tratamento com Cannabis não foi fácil, mas o resultado recompensou todo o esforço dos pais na procura por um remédio eficaz.
Apesar de Jimi não precisar de remédios, os pais buscavam por algo que ajudasse na qualidade de vida do filho, já que ele era bastante agitado, dormia mal e não falava. Depois de muita procura e consultas com diversos médicos, eles começaram a importar o produto dos Estados Unidos. E deu muito certo.
— O Jimi nunca teve a fase de aprender a falar. Ele só começou a falar. Parecia que alguma coisa estava no mudo e alguém foi lá e apertou o play. Foi uma coisa muito impactante para nós. Dias depois a gente descobriu que ele já sabia ler e também que tinha uma noção legal de inglês — relata o pai, Diego.
— Ele se tornou uma pessoa mais tranquila. Ficava nervoso porque queria se comunicar, mas como não falava, não conseguia. Então a gente percebeu que ele se tornou uma criança muito mais tranquila por ser compreendido […]. Nas atividades tanto terapêuticas quanto escolares ele ficou muito mais focado também […]. Está mais presente — completa.
A história do filho autista e a dificuldade que encontraram no início motivou os pais a criarem, em 2021, o Sinal Verde, uma plataforma para divulgar informações sobre o tratamento com medicamentos à base de Cannabis: benefícios, possíveis efeitos colaterais, onde comprar, indicação de médicos prescritores, entre outros conteúdos.
Plantio de Cannabis em SC
Por ser um tratamento caro, as associações têm desempenhado um papel importante no acesso a medicamentos mais baratos e de qualidade. É o caso da Santa Cannabis, que nasceu em Florianópolis e hoje tem sede em Itapoá, na região Norte do Estado.
Em fevereiro de 2023, a associação, que tem cerca de 3,4 mil pacientes associados, tornou-se a primeira do Sul do país e uma entre três no Brasil a obter autorização na Justiça para plantio.
— Com essa decisão, Santa Catarina entra no mapa dos estados que têm possibilidade de trabalhar com Cannabis de forma legal. Agora, a gente consegue criar parceria com institutos de pesquisa e universidades para melhorar tanto a produção do remédio, quanto a assertividade do tratamento. Também podemos conversar com instituições públicas para firmar parcerias de desenvolvimento tecnológico, científico e acesso às pessoas mais necessitadas — explica o presidente da Santa Cannabis, Pedro Sabaciauskis.
Fonte: NSC