No Brasil, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum depois do câncer de pele não melanoma, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer). A doença também é a mais frequente entre as mulheres de todo o mundo.
Foi pensando nisso, que pesquisadores liderados pela empresa hispano-americana de pesquisa em oncologia MEDSIR, revelaram um estudo, na sexta-feira (2), em que sugere que um terço dos pacientes pode evitar o uso de quimioterapia para tratar a doença com sucesso.
A pesquisa foi divulgada durante o primeiro dia da reunião anual da ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica). O evento, que é o maior encontro do setor, reunindo cerca de 40 mil profissionais, vai até a terça-feira (6).
A pesquisa sobre o câncer de mama
O ensaio clínico de fase 2 PHERGain, envolveu 356 pacientes maiores de 18 anos, entre junho de 2017 e abril de 2019, com câncer de mama HER2+ operável em estágio inicial, de dois a três. Este subtipo agressivo tradicionalmente requer quimioterapia como tratamento padrão.
Divididos em grupos A e B, os pacientes receberem diferentes estímulos durante o tratamento da doença: o grupo A recebeu uma combinação de quimioterapia combinada com os medicamentos trastuzumabe e pertuzumabe, enquanto o tratamento do grupo B foi adaptativo, projetado para contornar a quimioterapia com base no progresso individual.
Após seis ciclos de tratamento, os pacientes do grupo A foram submetidos à cirurgia, enquanto os pacientes do grupo B o fizeram após oito ciclos.
Resultados
O estudo, liderado pelos médicos Javier Cortés, Antonio Llombart-Cussac e José Pérez, teve como objetivo avaliar tanto a porcentagem de pCR na mama e na axila no momento da cirurgia naqueles que responderam bem ao PET scan, quanto a sobrevida livre de doença após três anos.
Em 2021, o The Lancet relatou que 37,9% dos pacientes do grupo B que responderam ao tratamento alcançaram uma resposta patológica completa. Na sexta-feira, na conferência de Chicago, foi revelado o segundo critério, as taxas de sobrevivência.
No grupo B, como enfatizou Cortés durante a apresentação, foram incluídos tanto os pacientes que eventualmente receberam quimioterapia quanto os que conseguiram continuar sem ela.
Os dados mostram que 95,4% dos pacientes (255) desse grupo não tiveram recidiva três anos depois, e entre os que conseguiram evitar a quimioterapia ao longo do estudo, quase 30%, esse percentual subiu para quase 99%.
O tratamento típico combina quimioterapia, trastuzumabe e pertuzumabe. Mas os resultados promissores obtidos apenas com os dois últimos fármacos questionam agora a obrigatoriedade do recurso à quimioterapia, técnica mais tóxica e com maiores efeitos secundários.
Os achados são, portanto, encorajadores, demonstrando que em certos pacientes com tumores em estágio inicial ou menos avançados, é possível e seguro evitar a quimioterapia sem comprometer o resultado.
“Gostaria de agradecer aos pacientes e suas famílias, aos pesquisadores e a toda a equipe por confiar em nós e nos permitir realizar esta pesquisa independente”, concluiu Cortés, professor da Universidade Europeia de Madri e diretor do International Breast Centro de Câncer de Barcelona e Madri.
Essa é uma matéria reproduzida da ND