A ciência está trabalhando o mais rápido possível para proteger a humanidade. Um grupo de mentes brilhantes da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em colaboração com profissionais de outras universidades, conseguiu criar uma vacina contra a Covid-19.

A grande novidade dessa vacina é a utilização da BCG recombinante, abrindo perspectivas para o desenvolvimento de um imunizante combinado contra o coronavírus e a tuberculose no futuro. Os experimentos pré-clínicos, detalhados em um artigo científico, demonstraram a eficácia dessa tecnologia no combate ao vírus SARS-CoV-2.

Professores do Limune (Laboratório de Imunobiologia) da UFSC uniram-se a pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Instituto Butantan, UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Universidade de Cambridge (Inglaterra) e Karolinska Institutet (Suécia) em uma colaboração para um projeto conjunto.

O líder desse projeto é o professor Sergio Costa, da UFMG, e o grupo publicou um artigo intitulado “Recombinant Bacillus Calmette–Guérin Expressing SARS-CoV-2 Chimeric Protein Protects K18-hACE2 Mice against Viral Challenge” em uma das principais revistas de imunologia do mundo, o Journal of Immunology, em 27 de abril.

No artigo, os pesquisadores detalharam os testes pré-clínicos da vacina contra a Covid-19, que foram realizados em laboratório e em animais. Os próximos passos incluem a realização de mais testes pré-clínicos e ensaios clínicos em seres humanos.

Participação de SC na criação da vacina

A UFSC teve participação na concepção da tecnologia, coordenação dos desenhos experimentais e execução dos experimentos. Os professores André Báfica e Daniel S. Mansur, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP), juntamente com os pesquisadores ligados ao Limune, Greicy Dias, Nicoli Heck e Daniel Mendes, estiveram envolvidos nos estudos e na redação do artigo.

Em 2020, os pesquisadores receberam um financiamento de R$ 1,7 milhão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do edital “Pesquisas para enfrentamento da Covid-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves”. Além disso, o governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), concedeu duas bolsas de pós-doutorado.

Segundo o professor André Báfica, da UFSC, a principal inovação da tecnologia é o desenvolvimento de uma vacina que combina a proteção contra a tuberculose e a Covid-19, duas doenças de grande impacto na sociedade.

“Nós estamos mostrando inovação, que é um protótipo vacinal à base da BCG, que se mostrou altamente efetiva contra a covid-19 em um modelo animal. Nós descrevemos uma técnica de BCG recombinante, que usa antígenos (ou pedaços) dos vírus SAS-CoV-2 inseridos na bactéria da BCG”, explicou.

Como é criada

“Você vai lá no DNA da bactéria e coloca um pedaço de DNA que codifica antígenos do coronavírus. É um processo laborioso que envolve muitos passos de biologia molecular e bacteriologia para selecionar a bactéria recombinante de interesse”, afirma Báfica.

A vacina Bacilo de Calmette e Guérin (BCG) é uma vacina amplamente utilizada que oferece proteção contra a tuberculose. Ela é produzida a partir de uma bactéria que não causa danos ao organismo humano.

No Brasil, a BCG é rotineiramente administrada a recém-nascidos, geralmente na maternidade, como parte do programa de imunização para prevenir a tuberculose desde os primeiros estágios da vida. Essa medida tem contribuído significativamente para reduzir a incidência dessa doença grave.

Esses fragmentos do coronavírus consistem em duas proteínas específicas. Essas regiões selecionadas são comuns a todas as variantes conhecidas, o que sugere que o imunizante desenvolvido pode ser eficaz contra todas elas.

Além disso, essa abordagem inovadora permite a possibilidade de utilizar a vacina como uma vacina combinada no futuro. Em outras palavras, os bebês receberiam, ainda na maternidade, uma proteção simultânea contra a tuberculose e o coronavírus.

“Este é um trabalho pioneiro que demonstra que um protótipo vacinal poderia ter ação contra a tuberculose e Covid. Mas para chegar a esta fase ainda é preciso um longo caminho. (…) É uma sensação de trabalho em um time a favor da sociedade”, finaliza Báfica.

Essa é uma reportagem ND

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