A Grande Mancha de Lixo do Pacífico é um enorme aglomerado flutuante de lixo plástico no maior oceano do mundo. Um estudo publicado na revista científica “Nature” na terça-feira (17) mostrou que essa área tem ajudado espécies costeiras a “colonizarem” águas abertas.

As manchas de lixo são grandes áreas do oceano onde lixo, equipamentos de pesca e outros detritos se acumulam. A mais famosa é a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, que fica entre o Havaí e a Califórnia. Ela tem 1,6 milhão de quilômetros quadrados.

Muitos dos detritos encontrados na Grande Mancha são pequenos pedaços de plástico flutuante que não são vistos a olho nu. Você pode navegar por ela e não enxergar.

“Existem manchas de lixo em todo o mundo. O que sabemos sobre essa área [da Grande Mancha] é que ela é composta por minúsculos microplásticos, quase como uma sopa, com itens maiores espalhados, equipamentos de pesca…”, explica Dianna Parker, do Programa de Detritos Marinhos da Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês).

A mancha de 1,6 milhão de quilômetros quadrados e 79 mil toneladas se tornou um lar para alguns pequenos seres vivos, permitindo a criação de novos ecossistemas de espécies que normalmente não são capazes de sobreviver em mar aberto.

Um estudo publicado na revista Nature descobriu que os resíduos plásticos flutuantes servem como um meio para as espécies se dispersarem pelo oceano. Até então, se pensava que restrições fisiológicas ou ecológicas eram os fatores responsáveis pela limitação da colonização do oceano.

Os pesquisadores identificaram 484 organismos invertebrados marinhos nos detritos, representando 46 espécies diferentes, das quais 80% são normalmente encontradas em zonas costeiras. Esses habitantes, em sua maioria, são microorganismos, plantas e algas que se aderem aos animais invertebrados aquáticos, como moluscos e esponjas.

Se o plástico entra na cadeia alimentar marinha, há a possibilidade de ele também contaminar os seres humanos. Os detritos também impactam de outras formas, podendo causar danos a embarcações e ser um perigo para a navegação.

E se nada mudar? A NOAA acredita que a quantidade de detritos pode continuar a crescer. Esse crescimento provavelmente piorará os impactos atuais sobre o meio ambiente, navegação, segurança das embarcações e economia.

Talvez a mancha nunca suma completamente, alerta a agência americana.

Isso porque grande parte dos detritos na mancha é composta principalmente por microplásticos. Eles são tão pequenos que seria muito difícil removê-los por completo.

O que a NOAA sugere é a prevenção – evitar que o lixo se espalhe pelo oceano. O trabalho deve ser feito em conjunto com governos, empresas e população em geral.

Retirando até 90% do lixo – A ONG The Ocean Cleanup vem trabalhando por quase 10 anos na limpeza dos oceanos. Boyan Slat, CEO da iniciativa, diz que é possível retirar 80% do plástico dos oceanos até 2030, e cerca de 90% até 2040.

O sistema criado por ele funciona como uma espécie de barragem móvel levada por dois barcos. O coletor de lixo enche conforme os barcos avançam e conforme o plástico vai se movendo. Quando fica cheia, a “rede” é fechada, selada e levada até o barco, onde é descarregada.

Em abril deste ano, o coletor da ONG retirou 6.260 kg de plástico da Grande Mancha. No total, já foram mais de 200 mil quilos de plásticos retirados do local.

Foto: Ocean Cleanup / G1

Essa é uma reportagem com trechos retirados de G1.com

ntcgroup